Ilha do Amor em Alter do Chão – O cartão postal de Santarém

Santarém, Pará – Alter do Chão, conhecida como a “Ilha do Amor”, é um tesouro escondido no coração da Amazônia brasileira. Este paraíso de praias de água doce e areias brancas é considerado uma das joias naturais do Brasil e foi eleito duas vezes pelo jornal britânico The Guardian como a praia mais bonita do país e uma das melhores do mundo. No entanto, neste verão de 2023, Alter do Chão enfrenta desafios extraordinários devido à seca severa que atinge a região amazônica.

A Amazônia, lar de rios exuberantes, está sofrendo com uma das secas mais intensas de sua história recente. Os efeitos dessa estiagem afetam não apenas as comunidades locais, mas também cerca de 20 cidades no estado vizinho, o Amazonas, causando isolamento e desafios imensos. Tefé, um município do interior do Amazonas, é uma das áreas mais afetadas, testemunhando um triste cenário com a descoberta de 138 botos mortos.

Em Tefé, um Comando de Incidentes (CI) foi montado para lidar com a situação, com coordenação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), e com o valioso suporte do Instituto Mamirauá e do Instituto de Proteção Ambiental da Amazônia (IPA/AM). As ações se concentram na vigilância ativa dos animais vivos, na realização de coletas e necropsias das carcaças, bem como na análise criteriosa de amostras para identificar as possíveis causas desse incidente, ao mesmo tempo em que são avaliadas outras variáveis ambientais de relevância.

O fenômeno que agrava ainda mais essa seca histórica é um El Niño extremo, que intensifica os efeitos climáticos na região. A escassez de chuvas levou a uma diminuição significativa dos níveis dos rios, incluindo o rio Amazonas, o maior do planeta em extensão.

Alter do Chão, apesar de sua fama como destino paradisíaco, não está imune aos efeitos dessa seca avassaladora. O que torna essa ilha única é o seu ciclo peculiar de inundação e ressurgimento. A cada 6 meses, as águas do rio Tapajós inundam a ilha, transformando-a em um local quase submerso. Nos 6 meses seguintes, a ilha ressurge, revelando um banco de areia em forma de um boto, uma característica que encanta quem tem a sorte de contemplá-la do alto.

Este ciclo natural faz de Alter do Chão um dos destinos mais deslumbrantes da Amazônia, atraindo milhares de turistas durante a época de vazante, quando as águas recuam e a ilha se revela em sua plenitude. No entanto, o desafio agora é lidar com a seca que ameaça tanto as belezas naturais quanto as comunidades locais que dependem do rio para sua subsistência.

As autoridades locais, em parceria com organizações de conservação ambiental, estão tomando medidas para mitigar os impactos dessa seca histórica. A situação é um lembrete poderoso da vulnerabilidade da Amazônia às mudanças climáticas e da necessidade premente de proteger esse ecossistema único e vital para o planeta. Alter do Chão, a Ilha do Amor, é um símbolo desses desafios e da esperança de preservar as maravilhas naturais da Amazônia para as futuras gerações.

Nesse cenário desafiador, as comunidades locais da região de Alter do Chão estão se unindo para enfrentar os impactos da seca. A solidariedade entre os moradores é uma característica marcante, à medida que eles buscam formas de lidar com a escassez de água e os desafios econômicos que a seca traz consigo.

Além disso, ONGs e órgãos de proteção ambiental estão desempenhando um papel fundamental na conscientização sobre a importância de preservar a Amazônia e seu ecossistema único. Eles também estão trabalhando para desenvolver estratégias de conservação e garantir que o turismo sustentável continue a ser uma fonte de renda para a região.

À medida que o ciclo natural de inundação e ressurgimento de Alter do Chão continua a desafiar as comunidades locais, é essencial que sejam tomadas medidas globais para combater as mudanças climáticas e proteger a Amazônia. A preservação desse tesouro natural não apenas beneficia a biodiversidade da região, mas também desempenha um papel crítico na estabilidade climática global.

Praia de Alter do Chão banhada pelo azulado rio Tapajós que faz encontro com o rio Amazonas

Alter do Chão, a Ilha do Amor, permanece como um símbolo não apenas das maravilhas naturais da Amazônia, mas também da resiliência das comunidades locais e da necessidade urgente de agir para proteger esse patrimônio natural de valor inestimável.

Uma densa floresta e ao fundo a serra da Piraoca, de cima pode se avistar por completa o vilarejo

Em meio à seca histórica que afeta a Amazônia, a esperança é que Alter do Chão e sua beleza única possam continuar a encantar visitantes de todo o mundo, enquanto servem de lembrança de nossa responsabilidade compartilhada de preservar o planeta.